segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Pedaços...



Quando se começa a ler ou estudar os grupos sociais, de cara a gente aprende que o ser humano foi feito pra viver em comunidade. Apesar de haver muitos que querem "fugir à regra" e se isolam dos demais, o complicado mesmo é saber conviver. Esse aqui é um aprendizado lento e, portanto, muito difícil, já que na maioria das vezes somos obrigados a abrir mão de nós mesmos! Obrigados a nos reconstruir! Mas quando, finalmente, se consegue o mais complicado - conviver - outros problemas começam a aparecer...
Acabamos nos apegando demais às pessoas e fazendo delas o centro de nossas vidas... É como se cada ser humano vivesse, inconscientemente, para outro (s) ser (es) humano (s). Isso pode ser positivo, desde que o contato seja permanente, mas, infelizmente, há uma série de fatores que, muitas vezes, nos afastam de pessoas que tanto adoramos! E aí vem a vontade de levar uma vida meio "Tarzan"! Junto a animais irracionais, pois muitos dos ditos dotados de razão não agem como tal.
O que angustia mesmo é que ainda que queiramos que não seja assim, somos dependentes! Em algumas ocasiões, essa necessidade do outro parece nos destruir pouco a pouco, uma vez que nem sempre há reciprocidade. E depois de uma vida interia girando em torno de algo, somos obrigados a cortar boa parte de todo o "giro" e procurar um outro alvo... Acontece que, a essa altura, fica complicado conseguir isso... É como perder parte de si mesmo... Uma perna, um braço, os olhos, o próprio coração!
Os dias passam e tudo da mesma forma... Fica difícil conceber uma mudança tão brusca, depois que já nos habituamos a determinadas situações, comidas, lugares, pessoas. Somos destruídos aos poucos, mutilados! Acabamos tendo que nos reconstruir, como se faz com um prédio velho que foi demolido, depois de ficar em pedaços.

Pedaços...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

E a cidadezinha do interior parece cidade grande....




Embora a cidade é que se chame “Imperatriz”, alguns habitantes é que tem "reinado" em nosso município! A ordem agora é aquela que cansei de tanto ouvir o pastor da igreja falar (quando eu era evangélica): “matar, roubar e destruir”! E muita gente tem morrido, tem sido roubada e tem visto muito do que construiu, com esforço, ser destruído. A revolta toma conta de todos que vivem nessa “humilde” cidade e que correm o risco de serem mais uma vítima. Numa atitude louca, culpamos todo mundo! A prefeitura, os bandidos e, muitas vezes, nós mesmos... No final das contas, a culpa não é de ninguém e nenhuma pessoa pode fazer nada. Depois de ser assaltada duas vezes e ver um amigo ser morto cruelmente, comecei a ver tudo isso aqui como um verdadeiro “inferno”. Ao mesmo tempo, eu me pergunto a todo instante: “será que em algum lugar desse país tem um pedacinho de céu?” Após muito refletir sozinha, percebo que não... Que dificilmente haja um cantinho em que a violência não tenha chegado.
A verdade é que, enquanto meninos descamisados levam nossos pertences e “tiram” nossos amigos, o medo passa a ser o companheiro de muita gente. Qualquer decisão que se tome tem que ser feita com base no perigo que a cidade tem representado. E tudo tem piorado a cada dia... “Ô, Seu bandido, será que eu posso trabalhar ali naquele bairro sem levar um tiro?” De certa forma, quando tememos a violência é como se fizéssemos uma pergunta desse tipo pra essas pessoas que estão à “MARGEM” da sociedade. Há quem diga que o crime tem duas origens: a pobreza, já que tem gente matando pra comer; e a loucura, pois há aqueles – frios psicopatas – que matam, pura e simplesmente, por prazer de ver alguém sofrendo, morrendo – literalmente – aos poucos. Bom, talvez por ter um coração mole demais, eu prefira acreditar na primeira possibilidade. Assim, passo a confiar na possibilidade de que se as autoridades perceberem a gravidade da situação e resolverem tomar uma providência, as coisas podem “melhorar”.
E há aqueles que pensam em abandonar as grandes cidades pra vir viver na “calmaria” do interior maranhense... A “calmaria”, aqui, tem outras conotações! “Calmaria” tem sido sinônimo de “velórios”, “medo”... “morte”! Ainda assim, a gente vai pensando positivo! Já que não se pode tomar uma atitude de fato, vamos criando boas imagens de nosso município na mente... O pior de tudo não é ver gente morrendo todos os dias, mas notar que as pessoas se acostumam com isso! É como se tudo fosse normal! Nada mais assusta! Ver as coisas dessa forma é o primeiro passo para não querer resolver os problemas. E eles crescem, crescem e tomam conta de nós.
Nossa cidade – pequena, humilde, bonitinha – não fica (mais) atrás daquelas maiores, no quesito violência!

E a cidadezinha do interior parece cidade grande! (nesse sentido)


E agora, Imperatriz?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nosso poeta mágico...




Eu quis acreditar que demoraria a falar desse assunto aqui, em meu blog, mas a vida, mais uma vez, me "pregou uma peça". Em meio a tantos outros acontecimentos ruins, me vejo agora tendo que pôr para fora o que se passa no meu coração. E, por mais que isso se repita todos os dias, vejo o quão difícil é falar de algo assim.. Uma perda irreparável! "Morte" é uma palavra carregada de muito negativismo e, talvez por isso, eu prefira, ao falar dos "meus", usar expressões como "nos deixou", "foi para outro plano" ou, ainda, está em "um lugar melhor que nós".
Por mais palavras que se use aqui, nunca vai ser possível descrever os sentimentos que se passam dentro de nós... Vai além das forças humanas! Vê-lo ali, deitado.. inerte..., sem aquele sorriso que lhe era tão peculiar, é tão doloroso quanto a certeza de que nunca mais o veremos... De que nunca mais planejaremos viagens juntos.
Mas ainda assim, Zaca,sei que - embora longe da máteria, que é o corpo - posso te sentir vivo! Sei que está entre nós e assim vai continuar por muito tempo. Acredito, inclusive, que você pode estar aqui, do meu lado, enquanto escrevo esse humilde texto...
Meu amigo Zaqueu, entre outras coisas, se intitulava como "poeta mágico"! E realmente havia algo de mágico nele! Onde quer que estivesse, e com quem fosse, ele sempre deixava marcas suas por onde passava... Seja por palavras, gestos ou, ainda, um sorriso...
Quisera eu ter o dom de manusear as palavras com a mesma destreza do "Zaca"... Talvez, dessa forma, eu pudesse fazer uma homenagem digna a um dos maiores homens que já conheci! Um dos maiores amores que já tive... E vou continuar tendo, pois onde eu estiver vou levar parte dele comigo...

Faltam palavras e... sobra saudade, lágrimas, dor, raiva e indignação!...

Mas sinto-o bem aqui, Zaca, e nada vai mudar o que sempre pensei sobre ti e nossa amizade...

Nosso poeta mágico!