"Bolo de arroz"...

Quando eu era bem pequena, adorava ir pro Axixá (Tocantins) visitar minha vó paterna... Embora, tenha sido criada, praticamente, por minha vó materna, a mãe de meu pai sempre cuidou muito de mim! Quando criança, posso ter tido todos os problemas do mundo, mas fui muito bem cuidada e amada (principalmente por meus avós - paternos e maternos - já q meus pais eram muito jovens ¬¬)... Minha vó Carmosina, mãe do meu pai (a da foto) sempre me fez rir muito! hehehe! Se zangava facilmente e se irritava com qualquer estripulia minha e de meus primos... (Sabe como é criança, né? =D)
Bom, eu gostava muito de visitar minha vó "Carmosa" (apelido carinhoso dado a ela por amigos) por vários motivos! Um deles era porque eu achava muito interessante o quanto ela usava a palavra "diabo" ^^ Interessante porque ela sempre falava, mas em situações bem distintas... Quando se chateava por conta de algo que os netos faziam, ela dizia: "Esses diabo são muito atentado"! Em outras situações, falava do carinho que tinha por alguém usando a frase: "Eu gosto muito desse diabo!" ^^
Outro motivo que me levava pro Axixá, de vez em quando, eram os bolos deliciosos que minha vó fazia... (adoro doce, mas tô de dieta ¬¬)... Mas o que eu mais gostava era o chamado bolo "orelha", que também é chamado de "orêa"... Um bolinho de arroz, frito no óleo... Gordura total!
Morei quatro anos na capital do estado e voltei pra cá, com meus pais e irmãos, em 1996... comi muitos "orelhas" (ou "orêas"), mas nenhum desses bolos era feito como o que a minha vó fazia... Minha mãe aprendeu a fazer, mas nos primeiros dias foi um desatre - parecia que a gente tava comendo pedra ¬¬. Ela, minha mãe, pegou a receita com minha vó, mas não tinha jeito! A vó Carmosa sabia fazer o bolo de arroz mais gostoso que existia! Ninguém cozinhava como ela, ninguém era como a vó Carmosa!
Dia 4 de setembro, a vó Carmosa me deixou... Agora, não como mais bolos de "orelha" ;(
Não tenho mais vontade de comer bolo "orêa"... tenho vontade de ver minha vó... de dizer pra ela o que eu devia ter dito naquela noite de 4 de setembro... Até as 22h00 daquele dia, ela tava rindo, feliz... Se eu soubesse que duas horas depois ela "partiria", não teria ido trabalhar.... Teria abraçado minha vó, durante todo o dia...
Ela se foi, fisicamente, mas continua viva dentro de mim! O bolo de arroz, nunca mais!